Apresentação de Lélio de Araújo sobre proposta de metrô em Fórum de Mobilidade


Com o intuito de ajudar a difundir melhor a informação, compartilhamos o trabalho voluntário de transcrição da fala de Lélio de Araújo abaixo a respeito da proposta de inclusão de linha de metrô Jardim Oceânico – Belford Roxo no Plano Metroviário!

Transcrição e revisão feitas por João Magalhães

Lélio de Araújo:

Boa noite a todos. Como já comentei inicialmente, eu faço parte da Associação de Moradores e Amigos da Freguesia e atuo no Grupo de Trabalho de mobilidade, mas a minha profissão é cirurgião dentista. Participei durante toda a minha vida utilizando transporte público aqui em Jacarepaguá. Então eu conheço o problema aqui da região. Essa visão não é a visão de um especialista, é a visão de um usuário.

Licinio, representante do Fórum de Mobilidade, grupo destinado às discussões de mobilidade no Grande Rio, coordenado pela FAM Rio e DTRL do Clube de Engenharia:

Deixa eu aproveitar o gancho, desculpe te interromper. O fórum foi criado exatamente por causa disso. O Clube de Engenharia, com seus brilhantes engenheiros, dava aulas sobre mobilidade e a população não entendia nada. E a FAMRIO, através da Marcia Vieira, que era uma pessoa que se movimentava pela cidade inteira, reclamou que a gente precisava ouvir a população. E com isso, dia 11 de dezembro de 2011, foi fundado o Fórum de Mobilidade Urbana, exatamente para congregar o saber local dos usuários com a técnica dos engenheiros, e está dando certo até hoje. Então, o fato de você não ser um engenheiro, te torna a pessoa mais importante em termos de conhecer o local.

Desculpa a interrupção, é só para fazer uma propaganda nossa aqui, nossos comerciais.

Lélio de Araújo:

Nada, muito obrigado pela participação. Vou mostrar aqui o mapa [do PDM], eu sei que todos daqui conhecem o Plano Diretor Metroviário, mas eu só vou dar uma lembrança aqui do que existe hoje.

Plano Diretor Metroviário – RELATÓRIO TÉCNICO 3, DEZEMBRO DE 2017, página 46

Então, aqui é o Plano Diretor Metroviário [de 2017], onde estão propostas todas as linhas de expansão do metrô. Ele está unido com essa parte verde [escuro], a linha férrea, [Supervia]. Então a gente vê que a cidade está bem contemplada, tem todo um planejamento estratégico que prevê essa expansão até o ano de 2045. E como um documento permanente, esse Plano Diretor Metroviário, é atualizado de 10 em 10 anos. A última atualização foi em 2017, a próxima será em 2027. Ele é um plano permanente para que as linhas sejam implementadas, para que sejam executadas, elas precisam pelo menos ter passado aqui pelo plano diretor metroviário, que é bastante robusto esse estudo – faz um estudo de análise econômica, da quantidade de passageiros que vão transitar nessa área, [entre outras informações técnicas]. O [relatório técnico 3 do] plano tem 426 páginas. E a gente vê que é um trabalho bacana que serve de base, mas até hoje a gente só tem aqui as linhas 1, 2 e da linha 4 [concluídas].

Não sei se vocês têm a exata noção da geografia dos maciços da cidade. A região da Baixada de Jacarepaguá fica compreendida entre a Floresta da Tijuca e o Maciço da Pedra Branca, o bairro da Feguesia fica mais ou menos no meio dessa regiã. Não só a freguesia, como toda a região da Baixada de Jacarepaguá, fica entre esses dois maciços.

Apenas olhando esse mapa, eu acho que aqui a freguesia não foi contemplada [no Plano Diretor Metroviário]. A gente vê que ela passa aqui bordejando pela linha 6 (indicada em roxo no mapa acima), mas tem um vazio de uma área muito populosa que não consta no planejamento. Esse foi o motivo da gente propor essa linha transversal para ver se a gente conseguiria proporcionar um transporte de qualidade a uma região que nunca foi atendida por transporte público.

MAPA COM VISUALIZAÇÃO DOS MORROS E AS LINHAS PREVISTAS NO PDM, feito por Luciana Avellar voluntariamente para o GT de Mobilidade Urbana da AMAF

Só uma ressalvazinha histórica: [Antes de 1960, quando] o Rio de Janeiro era distrito federal a região da Barra da Tijuca era praticamente desabitada, não tinha nada. Naquela época, as pessoas transitavam até a Freguesia vindas da Estrada de Ferro e então iam para Cascadura e depois para Madureira, onde passavam os bondes. Na década de 40 chegaram os bondes aqui na Freguesia, lembrando a área de crescimento era diferente da que é hoje em dia. A cidade evoluiu, desde então , não houve mais nada. Passamos, na década de 1960, a ser Estado da Guanabara, uma cidade-Estado, mas também o Estado não investiu nada na região da Freguesia e da Baixada de Jacarepaguá. No atual plano metroviário, podemos ver que não tem nenhuma proposta específica de expansão para essa região. Depois do estado da Guanabara, com a fusão, na década de 70, a gente passou a ser cidade do Rio de Janeiro. Então, de 70 para cá, já são alguns anos, nunca tivemos nenhum investimento em transporte público.

Eu mesmo sempre andei de vã, de Kombi, de táxi lotada para ir para o trabalho no centro da cidade, subindo a Grajaú, Jacarepaguá. Então esse é o problema da nossa região e como está o planejamento.

Em função disso, a gente fez uma proposta dessa linha transversal, que foi um ofício, esse ofício que foi encaminhado a Rio Trilhos. Por que a Rio Trilhos? A Rio Trilhos é a empresa que tem a responsabilidade de planejar, projetar, fiscalizar a construção e implantação de sistemas de transporte sob trilhos ou guiados no estado do Rio de Janeiro. Então toda essa parte de trilhos está com a Rio Trilhos. Eu até hoje fico pensando: poxa, e o bonde? Por que o bonde não está aqui? É, o bonde é municipal e a Rio Trilhos é estadual. Então o bonde é específico, é trilho, mas está com a cidade do Rio de Janeiro. Mas, tira do bonde e VLT, tudo que se faz de trilho está aqui na esfera da Rio Trilhos. Então foi a Rio Trilhos que nós solicitamos a nossa linha transversal.

MAPA METROVIÁRIO COM A LINHA TRANSVERSAL, feito por Luciana Avellar voluntariamente para o GT de Mobilidade Urbana da AMAF

Essa linha transversal vai seguir por um trecho que é diferente do que foi comentado ou planejado até então. Eu vou passar agora ao nosso mapa, onde a gente faz a proposta do traçado da linha transversal. A linha transversal é essa aqui em azul, essa região, e a gente tem aqui a área do nosso traçado da linha transversal.

Ela sairia aqui do Jardim Oceânico, iria pela antiga Estrada da Barra, quem é mais antigo, que foi a Praia da Barra, saindo de Cascadura ali pelo 748, sabe bem do trajeto que é. Hoje em dia ali tem as comunidades de Itanhangá, Barrinha, tem Muzema, tem Rio das Pedras, então é toda uma região muito habitada naquela área. A gente iria passar aqui por o Anil, Jardim Clarice, Freguesia, Taquara, Tanque, Praça Seca, Vila Valqueire, vamos seguindo em frente, vamos pegar a região ali de Costa Barros, Marechal Hermes, a gente cortaria o outro modal, que seria o modal ferroviário, ali na estação de Marechal, iríamos subindo, pegaríamos outros municípios, né? Pavuna, seria uma parte, depois São João de Meriti, ali em Vilar dos Teles, e depois em Belford Roxo, se conectando na estação por meio de outro modal ferroviário.

Existe um adensamento de linhas na Zona sul (AP2), e no centro (AP1), mas aqui na Baixada de Jacarepaguá (AP4) não tem nada, aqui são só os maciços. Essa região aqui, que é um triângulo, um triângulo voltado para a praia, é a região da Baixada de Jacarepaguá, onde está a Freguesia, e nessa região, a gente… não está sendo corretamente beneficiado, não só a Freguesia, como toda a região da Baixada de Jacarepaguá. Aqui tem um grande adensamento populacional. Tudo aqui está habitado.

Na região da Taquara, [a linha Transversal] se conectaria com o BRT, que é importante porque hoje a Freguesia também está fora de todo esse planejamento municipal. BRT não passa na Freguesia. A Freguesia está esquecida. A proposta da linha transversal, beneficiará a Freguesia e outros bairros que, hoje, são bastante populosos e não têm perspectiva de um transporte público de massa, chegando inclusive lá em Belford Roxo, que é uma região que para se deslocar até a Barra da Tijuca tem uma dificuldade muito grande.

Com isso, a gente espera que aquelas regiões ali da Barra da Tijuca, que hoje está impraticável [de se locomover], até para andar de carro, ninguém anda, está tudo parado. Com a implantação de uma linha adicional vindo da Baixada Fluminense, beneficiaremos aquela região também da Baixada Fluminense, porque pegaríamos ali São João, pegaríamos também a área de Belford Roxo, Duque de Caxias. Já existe outra proposta de linha que cruza Duque de Caxias até Campo Grande, mas aqui, é a linha que a gente queria.

E aqui a gente mostra no mapa, para ter aquela ideia, quais os bairros que seriam abrangidos por essa linha. Não seriam estações, mas apenas uma ideia de local de passagem. Até mesmo porque, no plano diretor metroviário, não é estabelecido [estações] nesse momento. É só feito um traçado genérico, da onde essa linha passará. Então, seria Muzema, Rio das Pedras, que é uma região com muito adensamento populacional, Vila Valqueire, Intendente Magalhães, Marechal Hermes, Costa Barros, Pavuna, São João de Meriti, Vilar dos Teles.

MAPA LINHA TRANSVERSAL, feito por Luciana Avellar voluntariamente para o GT de Mobilidade Urbana da AMAF

[Na proposta existente da Linha 6 Alvorada-Crocotá] o pessoal da Baixada de Jacarepaguá se beneficiará sim ao receber uma linha de metrô, beneficiará principalmente a área do aeroporto Santos Dumont, o aeroporto internacional, porque é um aeroporto que não tem conexão com nenhum transporte, só se sai do aeroporto, nunca vi isso, cidade nenhuma do mundo tem isso, só sai do aeroporto de carro. Se for de táxi tá arriscado ser assaltado, né? Mas não tem um transporte público decente pra sair dali. E essa linha, que acho que é muito importante, mas o principal aspecto dela é a conexão com o aeroporto, com a Ilha do Governador e logicamente também fecharia o balão, porque hoje a gente só tem linhas axiais, né? É do centro pra Tijuca, é do centro pra Barra, é do centro pra Pavuna. Quer dizer, só linhas que vão e voltam no mesmo sentido. Quando a gente começa a fechar, aí a gente começa a circular e fica um tráfego mais interessante, um deslocamento também mais interessante naquela região.

MAPA LINHA 6, feito por Luciana Avellar voluntariamente para o GT de Mobilidade Urbana da AMAF

O que a gente propõe, são os argumentos a gente colocou no ofício para a Rio Trilhos, que eu acho que fica enfadonho ler, mas se vocês quiserem podem acessar aqui: Ofício da AMAF enviado à Companhia de Transportes Sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro – Riotrilhos.

Para poder ser bem breve, a gente agora trouxe um trecho do ofício da Rio Trilhos, que, para minha surpresa, eles nos ouviram, e responderam que:

“De fato, o PDM não analisou a linha proposta pela AMAF. Todavia, adota-se, normalmente, um período equivalente a 10 (dez) anos para atualização de planos diretores. Consideramos, a principio, pertinente o estudo da presente demanda desta AMAF, para a qual sugerimos que, quando da execução da atualização do Plano Diretor Metroviário vigente, seja analisada a inclusão da linha proposta para avaliação(clique no texto para ler a resposta ao fim do documento)

A atualização do PDM está próxima, é agora em 2027, temos que atuar é agora. Então esse foi o motivo da gente tentar trazer aqui, [para o Fórum de Mobilidade Urbana] um grupo de pessoas especialistas voltado para a área de mobilidade, e poder ouvir a opinião de vocês, ver o que a gente pode melhorar em nossa proposta para ver se a gente tem alguma possibilidade de, no futuro, e olha só, eu não espero andar no metrô, [mas que a população da Freguesia e da Baixada de Jacarepaguá possa], porque para que um dia nossa proposta possa ser executada, é fundamental que ela seja incluída no PDM. Agora, eu gostaria só de incluir no PDM.

MAPA DA FREGUESIA COM AS LINHAS PREVISTAS NO PDM E A ADIÇÃO DA LINHA TRANSVERSAL, feito por Luciana Avellar voluntariamente para o GT de Mobilidade Urbana

O que está lá [no PDM], já tem mais de 50 anos, e nada saiu do papel, mas eu gostaria de pelo menos que fôssemos ouvidos, que fôssemos considerados, porque Hoje mudou muito, as pessoas não vem mais de cascadura para a Freguesia. Hoje a Freguesia é um polo, a Freguesia tem shopping, a Freguesia tem hospitais, a Freguesia tem um trânsito populacional muito grande de trabalhadores que vêm para o bairro. Quando vim morar na freguesia, eu praticamente pegava o ônibus cheio de manhã e o ônibus cheio à tarde, mas só nesse sentido. Qualquer hora depois desse horário eram vazios, porque as pessoas só saíam da freguesia para o centro e depois do centro para a freguesia.

Hoje é ônibus cheio durante todo o dia. O fluxo de pessoas, de trabalhadores do comércio, trabalhadores de serviços, de escolas, está muito grande. Então, Essa é a proposta, o que a gente tinha a apresentar. Espero que os senhores apoiem a nossa ideia, ou se tiver alguma restrição, algum aspecto, para a gente poder ver se a gente pode atualizar, melhorar. A gente pretende mais para frente fazer um abaixo assinado, para ver se a gente pode efetivamente melhorar o transporte público. Pode não ser para hoje mas um dia isso pode de tornar realidade. Obrigado a todos.

LEMBRETE: Em março lançamos a petição virtual! Contamos com a assinatura de todos!

Deixe um comentário